28.2.07

Amanhã

(amanhã, amanhã mesmo, não é amanhã de manhã que já é hoje) é Março. Março. Março é o fim do inverno. Março é um mês que já se pode dizer quase primavera, uma coisa mais composta

- agora deste em dar o estado do tempo, foi?
- Caneco! Ou desandas ou assim não há condição para blogar!

Estava aqui a pensar

é isso.
Estava aqui a pensar. É o que eu faço, o que tenho feito. Estar aqui a pensar. Há coisas que um gajo não lhe apetece naquela altura e então pensa noutra coisa qualquer. O que eu tenho feito, é estar aqui a pensar. Isso requer um esforço do caneco e não me sobra energia para grande coisa mais.

(epá e quando não perceberem o que eu escrevo, estejam completamente à vontade para comentar, hein? Não há problema absolutamente nenhum! Um gajo passa-se um bocado, mas no problemo, se não percebem o post porque raio hei-de perceber eu os comentos? Não é?)

- hás-de fazer grandes amigos assim...
- ah tazaí?
- tou sempre
- olha e se fosses pró real esse mesmo?
um gajo não poder (poder, pode, mas enfim...) escrever real caralho é fodido...
- andas cá uma não-me-toques-que-me-desafinas
- epá não chateies
- escreve lá mais um palavrãozinho, anda
- mas tu achas-te piada, não achas?
- e tu, não te achas piada, não...?
- ...
- (amua sempre, hehehe)

Etelvina is a way of life

Começo seriamente a pensar em promover a minha empregada a Etelvina. Acabei de perceber porque é que tinha a secretária tão arrumadinha, quando encontrei a lixarada toda que lá estava antes, escondida atrás de umas caixas.

25.2.07

O desportivismo vem já a seguir

mas acabei agora de ver o Benfica perder, o que é sempre uma boa maneira de começar o dia. :D

(lá mais prá tarde conto a história toda, no local próprio)

24.2.07

Escrito com a ponta dos dedos

É sintomático. Poderia escrever ali em cima "à flor da pele" que é o que é mesmo, mas não me apeteceu. Apenas indico para melhor compreensão da ideia. E é sobre isso, ou talvez não seja bem, com a ponta dos dedos apenas quer dizer que vai o que for e encolho os ombros ao resto.

Hoje aconteceram (várias) coisas, como todos os dias, das quais não me apetece falar; mas há duas, duas que aqui registo, nada a ver uma com a outra, mas estão misturadas, não no conteúdo mas na minha atitude perante as mesmas (e talvez alguma mágoa de ser assim, nem sei, nem sei).

Uma (vamos à mais simples): faz 20 anos que morreu Zeca Afonso (ou fez, que já passa da meia noite). E se há uns anos, já aqui, escrevi também sobre, hoje fui acompanhando a Emiéle nos seus passos e textos sentidos, quieta no meu canto. Não é que não me toque, não é que me tenha desligado, é que deixo as palavras para quem as diz alto e fico-me no meu silêncio, parece-me mais acertado a mim mesma. Há qualquer coisa que quase me obriga a ser não uma pessoa mais silenciosa, mas uma pessoa mais reservada. A idade, talvez, a maturidade, o guardar cada vez mais ferozmente as minhas emoções para fora do papel. Para onde? Não sei, para dentro? E porque não? Já não sinto necessidade de as atirar ao ar e ver onde vão parar. Guardo-as agora (em vez de estoirar com elas) com cuidado, até; não posso dizer, organizadamente, não, isso nunca, mas aquele cuidado com que atiramos todos os papéis para dentro de uma caixa, ao monte, sabendo perfeitamente que lá estão. Digo, desligo-me e se calhar parece mesmo e se calhar até pode ser, mas para mim, em mim, não desligo nada. E daí a outra

segunda coisa; que é tão complicada e essa, não, não é atirada para dentro da caixa no monte de emoções, essa tem lugar certo, só dela e de mais ninguém, na linha das minhas queridas pessoas que amo (amo sim, é essa palavra mesmo que aqui quero usar) profundamente. Há pessoas que eu amo profundamente. Esta é uma delas. Não parece, eu sei, parece um sentimento desligado mas não é, não é para mim, provavelmente deveria ser menos desligado para essas pessoas. Mas é como eu sou, não sou capaz de mudar, não sou de grandes demonstrações a todo o momento, fico de longe...é mau, mas caneco! Não tira nada ao que eu sinto.
E hoje falei com ela. Falei com ela. Que força naquela mulher, meu Deus! Disse-lhe, quando for grande quero ser como tu e ela a rir e eu a pensar que um gajo tem uma sorte do caráças na vida em ter amigas assim que mereciam bem mais de mim do que este meu amor calado e (aparentemente) desligado.

20.2.07

BD heroines

O AA escreve sobre a Laureline (em resposta a um magnífico post do Corta-fitas , que descubro colecionador da revista Tintin e mais não é preciso dizer para que alguns dos meus leitores cliquem já no post e nem leiam o resto do meu).

eu cresci a colecionar a revista Tintin (já escrevi aqui sobre isso, com o link para o BD oubliées). E estas coisas são giras. Uma pessoa pensa logo, ora ali está uma das minhas heroínas de juventude



quais eram as outras?
(vontade doida de ir ali à estante, que esses volumes todos andam sempre comigo para todo o lado onde vou)

Logo a que me ocorre, directo, a rapariga que eu gostava de ser quando fosse grande. Whip Rafale e não encontro uma única pic na net...a única mulher na equipa Bruno Brazil.



(afinal está aqui, em grupo, mas gosto mais dela no meu album favorito "Os Olhos sem Rosto")

Esta Capella também tinha imensa graça.



Hum. Realmente não tenho grande paciência para mulheres. Ou não tinha na altura. Não me consigo lembrar de mais nenhuma. A princesa do Chevalier Ardent é uma pata-choca. A Comanche não está mal, mas tanta independência é demais; Olivier Rameau, a loira é um bocado burra...ah! Há uma rapariga fabulosa no Corentin, "Le royaume des eaux noires": a que não fica com ele. Prancha sublime essa. Está visto que tenho que arranjar um scanner...

(era capaz de ficar até de manhã a escrever sobre isto)

19.2.07

O post do ano

é, sem qualquer dúvida, este do Contra Capa. A caixa de comentários que mais gargalhadas me proporcionou. Cris, obrigada! :D

Por qualquer razão

Quando eu digo (e digo muita vez) que não releio o meu tasco, é mesmo verdade. Escrevo-o para deixar marcas nas páginas, dobras que, muitas vezes, só eu é que sei o que significam. Mas depois de escrito, ali fica. Não releio. É raríssimo.

Por qualquer razão, ontem fui à procura de uma coisa numa data qualquer, andei a ver onde estaria e li uns bocados ali à volta. Não me lembro de nada daquilo. Nada. Reconheço, lembro-me depois, lembro-me porque escrevi, mas percebo que, depois de escrito, sai do sistema e apago por completo. Lembro-me de montes, centenas, milhares de posts escritos em vários blogs (isto apenas relativo a blogs), lembro-me de blogs quase na totalidade, lembro-me de posts quase na íntegra, palavra por palavra, mas do meu tasco, zero. Uma coisa aqui, outra ali, mas assim pela ideia, pela memória vaga "ora eu acho que naquela altura escrevi qualquer coisa sobre isso (xacá ver)" e pouco mais.

Reler é uma surpresa para mim. E não é uma surpresa grande espingarda. Caramba (um gajo não tem que andar com merdas de modéstias e afins, eu pelo menos não tenho, estou-me tão nas tintas que já nem pachorra tenho para armar ao "apenas suficiente" quando me reconheço alguma coisa mais) fartei-me de escrever coisas giras. Pá (ok, vamos lá, não armar, mas ser realistas) nunca ganharei coisa nenhuma senão juízo (e mesmo isso vamos indo), portanto o Pulitzer parece-me fora de questão, mas escrevia qualquer coisa. Qualquer coisa não é mau de todo e não é por ter olho em terra de cegos, é mesmo para mim: qualquer coisa não é mau de todo, que eu sou mais bolos e os meus bolos são todos numéricos. E também isto aqui não tem que ser consensual, portanto (consensual tem aqueles sss's todos? Está a dar-me seca ir confirmar) para todos os (meus) efeitos, eu escrevia qualquer coisa que não era má de todo e fiquemos neste consenso de mim para comigo e já é uma data de gente. Fiquemos não, partamos daqui para diante

(ai filha quando te pões a engonhar não há quem te ature: directa mas é o tanas, estás a fazer flores desde sei lá quantos parágrafos...)

e cheguei a essa conclusão relendo

(anda lá com isso, caneco!)
(olha, desculpa lá, importas-te de não me estar sempre a interromper?)
(tás aí iadaiadaiadaiadaiada e nunca mais desabrochas)
(e então? vou à velocidade que me apetecer!)
(sim, mas a essa nunca vais chegar a lado nenhum)
(desanda tu, que não estou eu para te aturar)
(tá bem! desando mas então não vou sem dizer de uma vez)
(o quê? dizer o quê?)
(isso que te incomoda!)
(não incomoda nada, estou-me nas tintas!)
(sim sim, pois tá bem...)
(estou!)
(então não te deve custar nada confessar aí, publicamente, que achas que perdeste a mão e a unha e os dedos e nunca mais vais conseguir escrever nada de jeito!)
(...)
(pronto, acabou o post. ela amuou)

16.2.07

De repente

Pareceu-me uma boa ideia




mas não sei se será enjoativo.

(as minhas são do Ikea)

14.2.07

Só uma pequena nota

Nota-se, sim.

Nota-se quando olhas para qualquer lado e os olhos são empurrados para o lado, para outro lado qualquer que não está ali. Nota-se quando mostras que o teu riso aberto fica a meio e se transforma num sorriso secreto. Nota-se quando agarras no cabelo e o viras e torces e o apanhas e o largas e não te decides porque não te interessa senão manteres as mãos ocupadas. Nota-se quando pegas no telemóvel e carregas em botões que aparentemente não servem para nada. Nota-se na tua voz que se perde a meio de uma frase e tudo o que estavas a dizer fica em suspenso, esquecido, pouco significativo. Nota-se nos fios que perdes das meadas. Nota-se no tempo que te envolve e que corre a outra velocidade. Nota-se nos dias que se misturam nas tuas histórias/memórias.
E nota-se (tu notas) no sabor de lábios mordidos.

Nota-se, sim. Claro que se nota. Mas onde se nota mais, toma nota, é na total ausência de dar conta de todos quantos te rodeiam.

Menos nos em quem também se nota.

13.2.07

Richter 5.8

Não senti nada! É a miséria, sou tão desligada que nem os sismos passam por mim!

12.2.07

Numa esplanada

sentam-se duas raparigas e não começam a conversar porque já se sentam a conversar. Já estão a conversar desde que se encontraram. Continuam a conversar. Conversam enquanto o mar e o céu e a praia mudam de cinzento claro para cinzento cada vez mais escuro. Conversam até cair a noite. Conversam todas as conversas que ainda não tinham sido tão conversadas. Conversam todas as conversas que tinham ficado a meio. Conversam a tarde toda e, no fim, parece que ainda faltam anos de conversas. Parece-me ser esse o consolidar de uma bela amizade. :)

11.2.07

ok, chamem-me histérica a ver se me ralo muito

Fiquei caladinha até agora. Ia ouvindo e lendo, cada vez mais farta de sins, farta de nãos, farta de ouvir coisas estúpidas dos dois lados. Depois, chegou o dia, fui calmamente votar. Ouvi as sondagens calmamente. Os resultados prováveis. O sim. Eu, nas minhas emoções, sou uma rapariga mais dada a exteriorizar fúrias e irritações e outras manifestações de mau feitio que propriamente histerismos de gaja. Esses guardo-os para dentro. Mas não quer dizer que não os tenha.

E foi assim que, um grande bocado depois, ali na marginal, mais precisamente a ouvir a TSF, rebentei em lágrimas. Caiu-me o sim por mim abaixo. Caiu por mim abaixo e estoirou com os anos todos que se passaram desde que tinha eu 14 anos e a minha melhor amiga que também tinha essa idade, teve que ir a um quase vão de escada. Chorei por todas as minhas amigas, por todas as raparigas novinhas que passaram por isso. Por todas nós, por uma geração sem acesso a grande informação, sem grande acesso a contracepção, sem grandes orçamentos, sem grandes apoios. Só com medo e vergonha. E silêncio.

Oh, eu sei que os preconceitos sociais não mudam com referendos ou com leis. Mas sempre ajuda. Hoje foi um daqueles dias que contam. Por todas elas, por todas nós.

Assino por baixo

"Ainda não se conhecem os resultados, apenas se projecta uma abstenção vencedora. Deixa andar, não é comigo, tenho mais do que fazer é a lógica de um país de memória curta. Aos que durante décadas, lutaram pela liberdade e pelo direito ao voto livre (e pela inconsciência do não votar) as desculpas por esta abstenção.
Senhor Sócrates tenha tomates, e mude a lei no parlamento
."

André F., Caixa de Costura


" (...) a todos vós, seus abstencionistas duma figa, daqui vai um meu mais sincero :

"Vão todos à Merda!"

Todos, sem excepção. Qualquer que tenha sido a razão para a vossa atitude, ela merece o meu mais profundo desprezo. Não tem nada a ver com a questão em si, mas antes porém com o acto propriamente dito
."

Joaquim Varela, Desblogueador de Conversa

5.2.07

o primeiro amor é à estalada

É um casal embora me pareça ridículo chamar-lhes um casal. Um parzinho, talvez, é coisa mais apropriada, embora deteste a palavra. Enfim, um rapaz e uma rapariga, miúdos ainda, sem idade ainda para sair à noite mas já com idade para levarem a chave de casa pendurada numa fita ao pescoço. Estão numa das posições mais clássicas da adolescência que acabou de perder o pré: ele sentado num muro, ela de pé, entre as pernas abertas dele. Braços em redor um do outro com pouca convicção, talvez pela hora de sol ainda a pique, talvez pelas janelas abertas para a deitadela de olho aos miúdos, estão lá em baixo, foram brincar. Estão a brincar, os meninos, pensarão os adultos menos atentos, não passa de brincadeira, tudo aquilo, uma coisa incipiente, as nossas esquecidas, enterradas nos futuros que, àqueles dois, ainda não lhes aconteceram. Esquecemo-nos disso, que para aqueles dois, para aqueles dois que fomos há muitos anos, não havia ainda nada antes e, pensariam eles, não haveria nada de outro depois.
Não é nos beijos que trocam que lhes encontro essa seriedade.
Não.
É na timidez com que, entre beijos, vão dando belinhas na testa um ao outro.

(nota: já sei o que era!)

(e já estou para escrever isso ó tempo! segue no post em cima, o que tem toda a lógica, como sempre...)

Não tenho mais nada a dizer sobre este assunto

Havia mais qualquer coisa...

...mas agora esqueci-me do que era...

Mas esta tem que aqui ficar

Hoje vi o mais extraordinário par de sapatos que alguma vez vi na vida. Nem tanto os sapatos, mas no todo. Até aos sapatos tudo era absolutamente normal dentro do género. Casaco comprido, gola de pelo, o cabelo de outra cor a berrar com a gola, mas tudo muito parecido na fibra utilizada, gola um bocado usada, cabelo sujo mas ripado; tons escuros até às meias, transparentes, cinzento claro, talvez. E depois um estaladão de cor que me fez ficar uma viagem de elevador de vários andares vidrada naqueles sapatos.

Primeiro tinham feitio de sapatos de boneca. Com salto alto e decote redondo.

Depois eram de verniz.

E depois, eram assim:

mercado de presentes e futuros

Tudo o que me é incorpóreo investido em volatilidade.

Sobram algumas breves fugas, as minhas amigas e sempre, a minha eterna e feliz entrega .

De nada aqui reza a história, pelo que por aqui se vai pa(i)rando.

 
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