Fiquei caladinha até agora. Ia ouvindo e lendo, cada vez mais farta de sins, farta de nãos, farta de ouvir coisas estúpidas dos dois lados. Depois, chegou o dia, fui calmamente votar. Ouvi as sondagens calmamente. Os resultados prováveis. O sim. Eu, nas minhas emoções, sou uma rapariga mais dada a exteriorizar fúrias e irritações e outras manifestações de mau feitio que propriamente histerismos de gaja. Esses guardo-os para dentro. Mas não quer dizer que não os tenha.
E foi assim que, um grande bocado depois, ali na marginal, mais precisamente a ouvir a TSF, rebentei em lágrimas. Caiu-me o sim por mim abaixo. Caiu por mim abaixo e estoirou com os anos todos que se passaram desde que tinha eu 14 anos e a minha melhor amiga que também tinha essa idade, teve que ir a um quase vão de escada. Chorei por todas as minhas amigas, por todas as raparigas novinhas que passaram por isso. Por todas nós, por uma geração sem acesso a grande informação, sem grande acesso a contracepção, sem grandes orçamentos, sem grandes apoios. Só com medo e vergonha. E silêncio.
Oh, eu sei que os preconceitos sociais não mudam com referendos ou com leis. Mas sempre ajuda. Hoje foi um daqueles dias que contam. Por todas elas, por todas nós.
11.2.07
ok, chamem-me histérica a ver se me ralo muito
Posted by 100nada at 11.2.07
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